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"O valor das coisas não está no tempo em que elas duram, mais na intensidade com que acontecem. Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis." (Fernando Pessoa)

Um encontro casual

terça-feira, setembro 14, 2010 / Postado por Danielle Araújo /

Em um encontro casual conheci uma simpática africana

POR DANIELLE ARAÚJO

Danielle Araújo e Carmen Vontade


Em um encontro casual, aguardando o elevador do prédio onde moro, na rua São Paulo, no centro de Belo Horizonte, conheci a africana, Carmen Francisco Vitor Vontade, de 27 anos. Felizmente essa jovem simples e muito educada, que me encheu de emoção e satisfação, me ajudou ao consentir dar entrevista para um trabalho de faculdade em que o assunto era a Copa do Mundo na África. Conhecer uma africana, representante de um povo tão alegre e trabalhador me deixou contente, e certa de que outras pessoas também teriam a mesma satisfação de conhecê-la.

Tarde da noite interfonei para o apartamento da moçambicana, que ainda assim, cordialmente me recebeu em sua casa. Passando a mão nos cabelos, visivelmente constrangida, Carmem me pediu para não reparar na bagunça, ao indicar os livros e apostilas espalhados pela cama.

Carmen nasceu na cidade de Beira, em Moçambique, na África e decidiu vir para o Brasil estudar e também para aprender uma pouco da cultura brasileira. O paios possui uma das terceiras melhores praias do mundo, a praia de Wimbe, localizado na província de Pemba, na África. O idioma falado em Moçambique é Português. “Um país lindo”, como avalia Carmen, onde também é possível visitar Qaelimane, uma cidadezinha conhecida como “o pequeno Brasil”, onde nos mês de Fevereiro a população comemora também o carnaval. Um país que nos encanta por ter um povo batalhador e alegre, também atrai pela culinária agradável ao paladar, é costume dos africanos temperar os alimentos com o Caril de amendoin, acompanhado com coco, uma iguaria muito apreciada na região.

Conversamos um pouco sobre a oportunidade de fazer intercâmbio aqui no Brasil. Satisfeita ela me contou que com a ajuda do tio que trabalha no Ministério Público da África do Sul, veio para o Brasil vivenciar essa que para ela está sendo “experiência maravilhosa”, como denomina. Antes de embarcar a sua mãe a presenteou com um mucume, uma espécie de lençol, que é uma tradição nas famílias africanas.

Há quatro anos Carmen mora aqui em Belo Horizonte e atualmente Carmen estuda zootécnica na Fhead Minas e há um ano, faz estágio na Emater. Quando questionada sobre a expectativa do povo brasileiro em relação aos candidatos a presidência da república e o que ela considera ser importante que o nosso futuro presidente faça pelo país, Carmen foi enfática em dizer que o Brasil e o continente Africano deveriam estreitar laços e promover o intercâmbio cultural, “devemos fortificar essa relação, porque agente pode aprender muito com o Brasil e o Brasil com a África. Deviam maximizar o intercâmbio para que houvesse mais interação entre nós”.

Pedi para Carmen me dizer o acha do povo brasileiro, e de pronto ela nos encheu de elogios, evidenciando nossa hospitalidade e acolhimento. “O povo brasileiro é muito acolhedor. Quando eles vêem que sou estrangeira, se mostram tão solícitos em me ensinar sobre a sua cultura, é muito legal. Estou muito satisfeita de estar aqui”. Durante nossa conversa Carmen me falou sobre as conquistas do povo Africano e sua cultura. A alegria e vontade de um povo de mostrar para o mundo a riqueza e união de um continente pobre mais disposto a lutar pela sua liberdade e por novas oportunidades. “A África não é só o que mostram na televisão. Somos um povo pobre, mais alegre e disposto a trabalhar”.

Contente e orgulhosa Carmen me contou sobre o sentimento de gratidão e amor pelo Herói, como ela denominou o presidente Nelson Mandela. Foi realmente fascinante ver o orgulho e a grandeza que sentiu, ao falar da terra natal e da cultura do seu povo. Mandela lutou pelo fim do Apartaid, período em que o povo africano sofreu com a discriminação racial e sua luta para terem reconhecidos os seus direitos. “Nelson Mandela é um diplomata!”. Após 27 anos exilado, o líder sul-africano retorna para os braços de uma nação que hoje comemora três importantes conquistas, o retorno do filho pródigo, o fim de um período obscuro para o povo africano e a alegria de sediar um campeonato mundial. Dividida entre as duas nações, e emocionada pela conquista do seu país em sediar a Copa do Mundo, Carmen alegremente torce pelo continente onde nasceu, mais desconcertada, e apontando em direção a uma foto, onde estão duas encantadoras crianças, seus filhos, arisca dizer, “ que vença o mais capaz, afinal, o meu coração também é brasileiro!“.
Como eu disse a Carmen, estou realmente muito contente e satisfeita de tê-la conhecido, e ao final da nossa conversa, tratei de convidá-la para tomar uma cervejinha em outra ocasião.

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